A Polícia Federal não perdeu o "timing" (momento certo) para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Operação Lava Jato. Em entrevista ao Uol, o delegado Igor Romário de Paula, responsável pelas investigações, sugeriu que não há tempo definido para que a prisão seja realizada. "É complicado falar em perder timing. Os requisitos para uma prisão preventiva são bastante objetivos. Lá atrás, na f ase 24 da Lava Jato, quando houve a representação do Ministério Público [a condução coercitiva de Lula], não existiam os requisitos para um pedido de prisão do ex-presidente. (...) Esse timing pode ser daqui a 30 dias, a 60 dias. A investigação que envolve o ex-presidente Lula é muito ampla", explicou o delegado, que considerou ainda o surgimento de um timing nas investigações em Brasília e não em Curitiba. Alvo de quatro ações no âmbito da Lava Jato, Lula é apontado como proprietário do sítio de Atibaia e tem suas palestras colocadas em suspeição pela força-tarefa. "Em um deles [inquéritos] falta um laudo pericial para que seja finalizado. E em outro, um detalhe de ordem técnica. Os dois estão sob a incumbência do delegado Márcio Anselmo. Eu imagino que, no máximo em 30 dias, esses inquéritos estarão concluídos", detalhou De Paula. O delegado refutou uma afirmação de Lula, segundo o qual havia "dedo estrangeiro" nas investigações da Operação Lava Jato. Para o policial federal, se houvesse interesses nenhum membro da força-tarefa estaria trabalhando e comparou a afirmação à atribuição de assassinato a quem encontrou um corpo em uma cena de homicídio. "Há um desgaste para o país, claro, mas talvez ao final disso tudo o resultado seja muito mais positivo ao estancar a sangria da corrupção", acrescentou. A defesa de Lula não quis se manifestar sobre as declarações.