Máquinas criadas pela Projeta permitem a colocação de créditos em celulares,
o que faz com que as bancas de bicho fiquem cheias de adesivos
“Antigamente as pessoas ganhavam mais, a gente tinha muito mais prêmios e ganhadores”. A declaração é da dona de uma banca de apostas do jogo do bicho de Salvador, que já trabalha há mais de 20 anos no ramo. Ela conta que, com a chegada do “bicho eletrônico”, como ficaram conhecidas as máquinas de fazer apostas, diminuíram muito as chances dos ganhadores, porque facilitou a adulteração dos resultados.
Essas máquinas são fabricadas pela empresa Projeta Tecnologia & Projetos, investigada pela Polícia Civil e Ministério Público do Rio de Janeiro, que deflagraram anteontem a operação Dedo de Deus. No total, 44 pessoas envolvidas com o jogo do bicho no Rio, Bahia, Pernambuco e Maranhão foram presas na operação.
A Projeta Tecnologia & Projetos readapta máquinas de cartões de crédito e débito para serem utilizadas como máquinas de apostas eletrônicas. Durante as investigações, policiais civis monitoraram a instalação das máquinas eletrônicas e concluíram que elas eram usadas para alterar o resultado das apostas.
“É claro que antes também tinha como adulterar os resultados, colocando bolinhas mais pesadas no globo do sorteio, mas era mais difícil. Hoje, eles veem as apostas e manipulam pra que não acabe quebrando a banca”, completou a dona da banca.